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Guia completo sobre DAP's

O que são as declarações ambientais de produto (DAP)?

Para que servem as DAP?

DAP's no setor da Construção

Critérios a considerar quando se comparam DAP

Como criar uma DAP

Uma Declaração Ambiental de Produto (DAP), ou Environmental Product Declaration (EPD) em inglês, é um documento padronizado que fornece informações detalhadas sobre os impactes ambientais de um produto ao longo de todo o seu ciclo de vida. A análise de ciclo de vida considera assim os efeitos ambientais desde a extração de matérias-primas, o fabrico, o transporte e a instalação num estaleiro de construção, passando pela reparação e manutenção, até ao fim de vida e à gestão de resíduos.

As DAPs são a principal fonte de informação sobre produtos de construção necessária para avaliações de carbono de ciclo de vida completo de edifícios e projetos de infraestruturas, constituindo-se como ferramentas importantes para a tomada de decisões por parte de arquitetos e projetistas.

A metodologia de ACV utilizada para produzir DAP tem por base as seguintes normas: ISO 14040/44, ISO 14025, ISO 21930. Na Europa devemos ainda considerar o estabelecido pela EN 15804 que estabelece as Regras de Categoria de Produto para o desenvolvimento de DAPs para produtos de construção, garantindo que todos os tipos de produtos sejam avaliados de forma consistente, utilizando as mesmas metodologias e abordagens.

Estas avaliações utilizam a DAP como resultado da metodologia de avaliação do ciclo de vida (ACV), que mede os impactos ambientais de um produto em vários indicadores. Um desses indicadores é o potencial de aquecimento global, comumente referido como carbono incorporado.

É importante compreender que uma DAP não mede o conteúdo de carbono, que é uma medida de massa, mas avalia, através da ACV, o impacto do produto ao longo do ciclo de vida da construção.

A validade de uma DAP é habitualmente de 5 anos.

As DAPs têm uma vasta gama de aplicações, destacando-se nas áreas de:

• Transparência Ambiental: Fornecem dados claros e quantificados sobre os impactos ambientais dos produtos, permitindo comparações objetivas entre produtos de diferentes fabricantes. Esta abordagem permite aos projetistas e fabricantes a oportunidade de comunicar, com confiança, o desempenho ambiental dos seus produtos aos clientes. Esta transparência pode ajudar a construir confiança com consumidores e parceiros, demonstrando um compromisso claro com a sustentabilidade.
  
  

• Esquemas de Avaliação e Certificação de Edifícios: As DAPs também são amplamente utilizadas como base nos catálogos de critérios de todos os esquemas de avaliação de edifícios atuais, como LEED, BREEAM ou DGNB, entre outros. Os dados específicos de cada fabricante substituem os dados genéricos provenientes da literatura, melhorando significativamente a qualidade dos dados.

• Conformidade com Regulamentações e Acesso ao Mercado: Garantem que os produtos cumprem os requisitos legais e normativos relacionados com a sustentabilidade. Ter uma DAP pode ser um pré-requisito para entrar em determinados mercados ou assegurar contratos com clientes ou governos que valorizam práticas ambientalmente conscientes.
  

• Estratégia de Marketing: Demonstram o compromisso das empresas com a sustentabilidade, aumentando a credibilidade junto dos consumidores e parceiros. Por outro lado várias organizações necessitam de dados relativos ao desempenho ambiental dos seus produtos por forma a cumprir com as suas estratégias e/ou obrigações de conformidade em matéria de reporte ESG..

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As Declarações Ambientais de Produto (DAPs) são particularmente relevantes no setor da construção devido às diversas regulamentações, normas e padrões específicos de cada região ou país, que visam garantir compatibilidade e transparência em toda a indústria.

Este setor é alvo de maior foco uma vez que quase metade das matérias-primas extraídas no mundo é destinada à construção, sendo o setor responsável por cerca de um terço dos resíduos globais e é responsável por 40% das emissões de carbono do planeta.

As DAPs ajudam as empresas a cumprir requisitos regulamentares e a alinhar-se às exigências do mercado por produtos sustentáveis e transparentes. Por exemplo, a norma EN15804+A2 enfatiza uma análise detalhada das mudanças climáticas (fóssil, biogénico, alterações e uso do solo) como um indicador ambiental crucial.

Isto levou à implementação de regulamentações específicas em países como Holanda, Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia e Estados Unidos, visando a redução de emissões de CO2 com base nas DAPs. Como consequência, espera-se um aumento na procura por materiais de construção baseados em biomassa, refletindo o crescente destaque da consciência ambiental em várias indústrias.

O novo Regulamento de Produtos de Construção (CPR), preve a integração obrigatória de declarações ambientais na Declaração de Desempenho (DoP) dos produtos de construção na Europa.

Estas normas demonstram a crescente especificidade e sofisticação das normas no setor da construção, sublinhando a importância das DAPs para a promoção de práticas sustentáveis e inovadoras na indústria.

 

Ao comparar DAPs com base nas normas ISO 14025 e EN 15804, considere os seguintes pontos essenciais:

1. Unidade funcional ou declarada idêntica:

   • Avalie a funcionalidade necessária dos produtos e a duração esperada no edifício.
   • As DAPs nem sempre incluem dados de desempenho técnico, mas estes podem ser obtidos junto dos fabricantes.
     
     

2. Métodos de cálculo e regras regionais:

   • As DAPs para o mercado europeu (EN 15804+A2) e norte-americano (ISO 21930) não são diretamente comparáveis devido a métodos de cálculo distintos, como o Environmental Footprint (EF 3.0 & EF 3.1) e o TRACI 2.1.
   • Diferenças nos fatores de Potencial de Aquecimento Global (GWP) entre EN 15804+A1, EN 15804+A2 e ISO 21930 devem ser consideradas, especialmente no caso do metano biogénico.
     
     

3. Limites do sistema e bases de dados:

   • Verifique a base de dados utilizada (e.g., GaBi ou ecoinvent) e a versão aplicada, pois atualizações podem influenciar os resultados dos indicadores.
   • A comparabilidade entre DAPs exige análise especializada, especialmente quando se usam diferentes versões das bases de dados.
     
     

4. Abordagens metodológicas:

   • Diferenças na modelagem podem incluir:
     • Uso de Garantias de Origem (GoO) para eletricidade e biogás.
     • Alocação de reciclagem pré-consumo, como metais.
     • Abordagem para co-produtos de baixo valor, como escória de alto-forno.
     • Uso da abordagem de balanço de massa.
   • Estas variações podem ter impacto significativo nos resultados das DAPs, especialmente em produtos com alto uso de energia ou materiais reciclados.
     
     

5. Qualidade dos dados:

   • A norma EN 15941:2024 define requisitos de qualidade de dados para DAPs, incluindo representatividade temporal, tecnológica e geográfica.
   • Quando implementada, esta norma aumentará a transparência e detalhará a qualidade dos dados usados.
     
     

6. Regras consistentes para categorias de impacto:

   • Certifique-se de que as categorias ambientais, indicadores e unidades sejam consistentes.
     Exemplo: não é possível comparar acidificação em EN 15804+A1 (kg SO2eq) com EN 15804+A2 (kg H+eq).

Ao comparar DAPs, é fundamental garantir que as metodologias, dados e indicadores sejam consistentes para obter resultados justos e precisos.

1. Recolha de Dados:

   • Reúna informações sobre as matérias-primas, consumo de recursos e geração de resíduos relacionados com o seu produto.
   • A escolha do operador do programa e da Regra de Categoria de Produto (PCR) determinará os dados específicos necessários, com base nas fases do ciclo de vida do produto e nas categorias de impacto a serem avaliadas.
     
     

2. Realização de uma Avaliação do Ciclo de Vida (ACV):

   • Conduza a ACV em conformidade com os requisitos definidos pela PCR selecionada, garantindo a inclusão de todos os aspectos relevantes do ciclo de vida do produto.
     
     

3. Elaboração do Relatório de Base para a DAP:

   • Prepare um relatório detalhado
   • Este documento deve incluir detalhes sobre a metodologia de ACV, pressupostos e abordagens utilizadas, e servir como suporte para a verificação por terceiros, além de evidenciar as normas seguidas.
     
     

4. Verificação:

   • Submeta a DAP a uma verificação independente antes da sua publicação.
   • Este passo garante a precisão, a fiabilidade dos dados e a conformidade com os requisitos da PCR relevante.
     
     

5. Publicação:

   • Após a verificação, envie a DAP ao operador do programa para registo e publicação.
   • O operador do programa processará e publicará a DAP, disponibilizando-a ao público.
     

Estes passos garantem que a sua DAP seja transparente, fiável e cumpre com as normas exigidas no mercado.

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